Aumento taxa Selic Aumento taxa Selic

Copom se prepara para novo aumento da Selic: impactos na economia e no câmbio

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para quarta-feira (19), deve confirmar um novo aumento da taxa Selic, consolidando uma política monetária mais restritiva. Especialistas apontam que essa elevação pode não ser suficiente para conter as pressões inflacionárias e que novas altas podem ser necessárias nos próximos meses.

Selic deve subir novamente: o que esperar?

O economista-chefe da XP, Caio Megale, destacou que o Banco Central já havia sinalizado três aumentos consecutivos de 1 ponto percentual, sendo que dois já foram implementados. Com isso, a Selic deve atingir 14,25% ao ano nesta semana. Apesar desse ajuste, Megale alerta que a economia ainda não mostra sinais claros de desaceleração significativa, o que pode exigir novos aumentos na taxa de juros nas próximas reuniões.

Embora alguns indicadores apontem para uma leve acomodação da atividade econômica, como os dados recentes de vendas no varejo, o mercado de trabalho segue aquecido e a inflação continua acima da meta estipulada pelo Banco Central. Diante desse cenário, o Copom deve manter uma postura conservadora para evitar qualquer descontrole inflacionário.

Impacto no câmbio e na economia

O impacto da decisão do Copom no mercado de câmbio deve ser moderado, uma vez que fatores externos têm exercido maior influência sobre a cotação do dólar. A valorização cambial observada desde janeiro está mais relacionada a fatores internacionais, como as negociações comerciais do novo governo dos Estados Unidos e a possibilidade de um cessar-fogo em conflitos globais.

Além disso, os riscos fiscais internos seguem no radar, mas os últimos dados econômicos surpreenderam positivamente o mercado financeiro, reduzindo parte da tensão. Por conta disso, a elevação da Selic já havia sido precificada pelos agentes financeiros, minimizando o impacto imediato sobre a moeda americana.

Reflexos nos investimentos e no crédito

A manutenção da Selic em níveis elevados tem garantido bons retornos para aplicações de renda fixa, tornando investimentos conservadores mais atraentes. Esse cenário também interrompe a queda dos rendimentos da poupança, que vinha ocorrendo desde o início dos cortes na taxa de juros.

Por outro lado, setores como o varejo têm sentido os efeitos negativos do aperto monetário. Nos últimos anos, diversas empresas do setor recorreram à recuperação judicial devido ao encarecimento do crédito. No entanto, até o momento, o aumento da Selic não gerou impactos expressivos sobre o crédito de forma geral, mas isso pode mudar caso o ciclo de alta dos juros se estenda por um período prolongado.

Próximos passos do Copom

O Banco Central já indicou que continuará vigilante em relação à inflação e poderá promover novos ajustes na Selic caso necessário. A expectativa do mercado é que o ciclo de alta dos juros se mantenha ao longo do primeiro semestre de 2025, podendo atingir um pico em torno de 15% ao ano.

Apesar disso, a economia brasileira segue mostrando resiliência, impulsionada por um mercado de trabalho aquecido e pelo crescimento de diversos setores produtivos. A grande questão agora é se o aperto monetário será suficiente para conter a inflação sem comprometer a recuperação econômica no médio prazo.

A próxima reunião do Copom, prevista para maio, será decisiva para entender os próximos passos da política monetária do país. Até lá, os economistas acompanharão de perto os dados da economia para avaliar se novas altas na Selic serão realmente necessárias.

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