Decreto do IOF anulado Decreto do IOF anulado

IOF: entenda como ficam as alíquotas após o Congresso revogar o decreto

A suspensão do decreto altera novamente as cobranças do imposto sobre câmbio, cartões internacionais e crédito para empresas (IOF); ajuste nos sistemas das plataformas ainda deve levar alguns dias

O Congresso Nacional decidiu revogar o decreto presidencial que elevava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), impactando diretamente operações de câmbio, cartões de crédito internacionais e empréstimos empresariais. Com a medida, as alíquotas anteriores voltam a ser aplicadas imediatamente, mas as plataformas financeiras ainda precisam adaptar seus sistemas para refletir as mudanças.

O que motivou a revogação do aumento do IOF

Na noite de quarta-feira (25), Câmara dos Deputados e Senado aprovaram o projeto de decreto legislativo que anulou o aumento do IOF estabelecido recentemente pelo governo federal. A decisão, que foi tomada por votação simbólica no Senado, já havia passado pela Câmara e não exige sanção presidencial para entrar em vigor.

Essa movimentação legislativa reflete a crescente tensão entre o Congresso e o Executivo, especialmente em relação à liberação de emendas parlamentares e à condução de temas econômicos sensíveis.

Como ficam as alíquotas do IOF após a decisão

Com a derrubada do decreto, as novas alíquotas do IOF que estavam em vigor desde o dia 22 de maio e que sofreram ajustes adicionais em 11 de junho perdem a validade. A partir de agora, as taxas antigas voltam a ser aplicadas.

Apesar disso, as empresas responsáveis por intermediações financeiras ainda precisam de tempo para atualizar os sistemas e corrigir a cobrança automática do imposto.

Confira o comparativo entre as alíquotas que seriam aplicadas com o decreto e aquelas que agora retornam:

Tipo de operaçãoAlíquota com o decretoNova alíquota (vigente novamente)
Cartões internacionais (crédito, débito e pré-pagos)3,5%3,38%
Remessa para conta no exterior (gastos pessoais)3,5%1,1%
Remessa ao exterior (investimentos)1,1% (após recuo)0,38%
Compra de moeda estrangeira em espécie3,5%1,1%
Empréstimos de curto prazo (até 364 dias)3,5%Isento
Transferência de fundos ao exterior (fundos brasileiros)0% (após recuo)Isento
Crédito para empresas (pessoas jurídicas)0,38% + 0,0082% ao dia0,38% + 0,0041% ao dia
Crédito para empresas do Simples Nacional0,38% + 0,00274% ao dia (1,38% ao ano)0,38% + 0,00137% ao dia (0,88% ao ano)
Crédito para MEI0,38% + 0,00274% ao dia (1,38% ao ano)0,38% + 0,00137% ao dia (0,88% ao ano)
Operações de risco sacado0,0082% ao diaIsento
Aportes em VGBL e produtos similares (2025)5% sobre o valor que exceder R$ 300 milIsento
Aportes em VGBL e produtos similares (2026)5% sobre o valor que exceder R$ 600 milIsento

Impacto na arrecadação federal

O governo federal esperava arrecadar cerca de R$ 10 bilhões em 2025 com a elevação das alíquotas do IOF. Essa receita seria fundamental para reforçar o orçamento e atender às metas fiscais. A revogação representa, portanto, um obstáculo a mais para o equilíbrio das contas públicas, que já enfrentam desafios relacionados ao novo arcabouço fiscal.

Segundo o Ministério da Fazenda, eventuais cortes para compensar essa perda poderiam afetar áreas sensíveis como saúde, educação e programas sociais, incluindo o Bolsa Família.

Relação entre Executivo e Legislativo em tensão

A rapidez com que a proposta foi aprovada surpreendeu até integrantes da base aliada do governo. A decisão do Congresso reflete um crescente descontentamento de parlamentares com o Palácio do Planalto, motivado, entre outros fatores, pela lentidão na liberação de emendas e por declarações recentes do ministro Fernando Haddad.

Além disso, a derrubada de vetos relacionados à conta de luz também contribuiu para o desgaste político, aumentando a resistência dos congressistas a novas propostas do Executivo.

O que ainda pode ser alterado no cenário tributário

É importante destacar que a anulação do decreto do IOF não interfere automaticamente em outras propostas de mudança tributária que estão em tramitação. Um exemplo é a Medida Provisória 1303, que altera a tributação sobre investimentos financeiros, incluindo o fim das isenções para LCI, LCA e debêntures incentivadas.

Esse texto ainda aguarda votação no Congresso e pode sofrer alterações ou até ser rejeitado. Mesmo assim, o governo mantém a esperança de conseguir preservar parte da arrecadação planejada. No entanto, o ambiente político atual sinaliza dificuldades para futuras negociações.

Próximos passos do governo

Em entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo, o ministro Fernando Haddad listou três alternativas que o governo pode adotar diante da perda de arrecadação:

  1. Entrar com uma ação judicial para tentar reverter a decisão do Congresso;
  2. Aumentar o contingenciamento de verbas destinadas a áreas como saúde, educação e programas sociais;
  3. Avançar na discussão sobre a taxação de dividendos como forma de recompor receitas.

Independentemente da escolha, o cenário aponta para novas disputas entre Legislativo e Executivo nos próximos meses.

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