Moeda norte-americana recua diante do real após números fortes do mercado de trabalho americano
O dólar comercial registra leve baixa frente ao real nesta quinta-feira (3), após ter iniciado o dia em alta. O movimento ocorre em meio à divulgação de dados robustos do mercado de trabalho dos Estados Unidos e à cautela global com as negociações comerciais envolvendo a maior economia do mundo.
Além disso, o mercado deve apresentar menor volume de negociações, já que as bolsas de Nova York encerram as atividades mais cedo hoje, às 14h (horário de Brasília), e permanecerão fechadas amanhã, devido ao feriado da Independência nos EUA.
Números de emprego nos EUA superam expectativas
Em junho, a economia norte-americana criou 147 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola, resultado acima da projeção de 110 mil postos estimada por analistas consultados pela Reuters.
Com esses dados mais fortes, os juros futuros passaram a indicar uma probabilidade de 80% de corte na taxa pelo Federal Reserve (Fed) em setembro, uma redução em relação aos 98% precificados antes da divulgação do relatório payroll. A possibilidade de corte de juros já na reunião de julho praticamente saiu do radar dos investidores.
Cotação do dólar hoje
Por volta das 11h, o dólar à vista apresentava queda de 0,16%, sendo negociado a R$ 5,413. Já o contrato de dólar futuro para agosto, o mais negociado na B3, subia 0,16%, alcançando 5.470 pontos.
Na sessão anterior, a moeda americana encerrou o dia em baixa de 0,77%, cotada a R$ 5,4191, o menor valor desde agosto de 2023.
O Banco Central brasileiro, por sua vez, realizará um leilão de até 35 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem com vencimento em 1º de agosto de 2025.
Cotações atualizadas:
Tipo de dólar | Compra | Venda |
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Dólar comercial | R$ 5,412 | R$ 5,413 |
Dólar turismo | R$ 5,451 | R$ 5,631 |
Perspectivas para os juros e o câmbio
Os dados mais fortes do mercado de trabalho surpreenderam os analistas, pois vieram na contramão de números anteriores que mostravam sinais de inflação moderada e desaquecimento econômico. Esse cenário havia impulsionado apostas de cortes de juros nos EUA.
Agora, os investidores projetam um total de 53 pontos-base de redução na taxa de juros até o fim de 2025, abaixo dos 66 pontos estimados anteriormente. A expectativa para uma possível redução já na reunião de julho caiu para 6%, frente aos 24% precificados antes do relatório de emprego.
Essa leitura reforça o discurso cauteloso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que tem sinalizado não haver pressa para flexibilizar a política monetária enquanto aguarda sinais mais claros sobre o comportamento da inflação, especialmente no que diz respeito ao impacto das tarifas comerciais.
O índice do dólar, que mede o desempenho da divisa americana frente a seis moedas relevantes, operava em alta de 0,62%, aos 97,357 pontos.
Cenário externo impacta moedas emergentes
Para moedas consideradas mais arriscadas, como o real, a menor probabilidade de corte de juros nos EUA tende a exercer pressão, uma vez que reduz o diferencial de juros favorável aos investidores estrangeiros.
Além do foco nos dados econômicos, as tratativas comerciais entre os Estados Unidos e seus parceiros internacionais também estão no radar. O prazo para firmar acordos que evitem a imposição de tarifas mais elevadas se encerra em 9 de julho, aumentando a tensão no mercado.
Na quarta-feira, o presidente Donald Trump anunciou um acordo comercial com o Vietnã, enquanto as negociações com Japão, União Europeia e Índia ainda seguem em andamento.
Liquidez menor no mercado financeiro
O volume de negociações ao longo do dia tende a ser mais limitado, uma vez que os mercados americanos encerram as operações mais cedo e permanecerão fechados na sexta-feira, 4 de julho, em razão das comemorações do Dia da Independência nos Estados Unidos.