Moeda americana apresenta queda após acordo entre Trump e Sheinbaum, que posterga sanções comerciais por um mês
O dólar registrava leve desvalorização frente ao real nesta segunda-feira (3), depois que a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, comunicou que os Estados Unidos decidiram adiar por 30 dias a implementação da tarifa de 25% sobre produtos do México. Segundo Sheinbaum, a decisão foi tomada após um diálogo positivo com o presidente Donald Trump. Como parte do entendimento, o governo mexicano se comprometeu a enviar 10.000 soldados da Guarda Nacional para fortalecer a segurança na fronteira.
A principal missão dessas tropas será combater o tráfico de drogas para os EUA, com ênfase na prevenção da entrada de fentanil, substância que tem sido uma das maiores preocupações da administração americana.
Impacto no mercado cambial
No último sábado, Trump assinou uma ordem determinando a imposição de tarifas de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá, além de uma taxa de 10% sobre itens oriundos da China. Existe receio no mercado de que o Brasil também possa ser afetado por medidas semelhantes futuramente.
Cotação do dólar hoje
Por volta das 12h48, o dólar comercial registrava uma queda de 0,05%, sendo cotado a R$ 5,834 na compra e R$ 5,835 na venda. Durante a sessão, a moeda chegou a atingir R$ 5,886 na máxima do dia. Na B3, o contrato de dólar para março, o mais negociado do dia, operava em baixa de 0,06%, alcançando 5.873 pontos.
Na sexta-feira, a moeda americana encerrou o dia com retração de 0,30%, sendo cotada a R$ 5,8355, a menor marca desde 26 de novembro do ano passado. Apesar de oscilações pontuais, o dólar não tem registrado ganhos diários desde 17 de janeiro.
O Banco Central programou um leilão de até 15.000 contratos de swap cambial tradicional nesta sessão, visando a rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.
Valores do dólar
- Dólar comercial:
- Compra: R$ 5,834
- Venda: R$ 5,835
- Dólar turismo:
- Compra: R$ 5,955
- Venda: R$ 6,135
Contexto das tarifas e impactos globais
Inicialmente, o mercado reagiu com busca por segurança no dólar e redução na exposição a ativos de risco, após Trump colocar em prática sua ameaça de elevar tarifas. As sanções, previstas para entrar em vigor na terça-feira, afetariam cerca de US$ 1,3 trilhão em mercadorias, o que representa mais de 40% das importações americanas.
O governo dos EUA está negociando com México e Canadá na esperança de um entendimento antes do prazo final, dia 4 de fevereiro. Trump também mencionou a possibilidade de impor tarifas sobre produtos da União Europeia em um futuro próximo.
De acordo com o Goldman Sachs, a tarifa de 25% pode elevar o índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos EUA em 0,7%, impactando o PIB em uma queda de 0,4%. A taxa de 10% sobre produtos energéticos canadenses poderia atenuar esse efeito, enquanto uma tarifa de 20% sobre a China aumentaria o PCE em 0,3%.
Consequências para mercados emergentes
Economistas alertam que as políticas tarifárias de Trump podem gerar impactos negativos para países emergentes. No curto prazo, essas medidas impulsionam o dólar ao manter os juros dos Treasuries elevados, refletindo a pressão inflacionária gerada pelas tarifas.
Ademais, uma eventual guerra comercial poderia prejudicar a economia de mercados relevantes, como China e União Europeia, afetando indiretamente países como o Brasil. “Essas tarifas são um dos principais fatores que sustentam os preços da moeda. O mercado prevê pressão inflacionária no curto prazo, o que pode contribuir para valorização do dólar”, destacou Bruno Cordeiro, analista da StoneX.
Inflação no Brasil
No cenário doméstico, o Boletim Focus revelou que o mercado financeiro ajustou suas expectativas de inflação para 2025 e 2026. A previsão para o IPCA ao fim deste ano passou de 5,50% para 5,51%, marcando a 16ª semana consecutiva de revisão para cima. Para 2026, a projeção também subiu de 4,22% para 4,28%.
O Banco Central tem como meta uma inflação de 3% ao ano, podendo oscilar dentro de uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.