Saída de dólares foi a terceira maior desde 2008, ficando atrás apenas de 2019 e 2020
O Brasil encerrou 2024 com um fluxo cambial negativo de US$ 15,9 bilhões, conforme dados divulgados pelo Banco Central. Este resultado representa a terceira maior saída líquida anual de dólares desde o início da série histórica, em 2008. Apenas em 2019 e 2020 os resgates de dólares superaram esse montante, somando US$ 44,768 bilhões e US$ 27,923 bilhões, respectivamente, em um contexto ainda impactado pelos reflexos da pandemia de covid-19.
Dólar dispara 27,3% em 2024
Ao longo de 2024, o dólar acumulou valorização de 27,3% frente ao real, subindo de R$ 4,85, em janeiro, para R$ 6,18 no final do ano. Essa trajetória de alta, iniciada ainda durante o governo de Donald Trump nos Estados Unidos, ganhou força após o anúncio de medidas fiscais consideradas insuficientes para conter o déficit público.
A reação do mercado foi imediata, pressionando ainda mais a moeda americana em relação ao real. Diante dessa escalada, o Banco Central intensificou suas intervenções, realizando leilões de venda de dólares no mercado à vista. Em dezembro, foram injetados US$ 21,5 bilhões, o equivalente a cerca de 6% das reservas internacionais do País. Esse volume representou a maior venda mensal já registrada desde a adoção do regime de câmbio flutuante, em 1999.
Dados preliminares e balanço do fluxo financeiro
O fluxo financeiro, um dos principais componentes do balanço cambial, apresentou resultado negativo de US$ 84,39 bilhões. Esse saldo reflete US$ 589,98 bilhões em compras e US$ 674,385 bilhões em vendas. O indicador inclui transações como investimentos estrangeiros, remessas de lucros e pagamentos de juros.
Reservas internacionais atingem menor nível desde 2023
As intervenções do Banco Central tiveram impacto significativo nas reservas internacionais. Apenas entre novembro e dezembro, houve uma queda de 8,46%, a maior redução mensal da série histórica. Em valores absolutos, as reservas caíram de US$ 363 bilhões para US$ 332,3 bilhões, atingindo o menor patamar desde fevereiro de 2023.
Primeiro pregão de 2025 começa com alta do dólar
No pregão de abertura de 2025, o dólar iniciou o dia em alta, mas recuou no fechamento, cotado a R$ 6,16 – uma leve queda de 0,29% em relação ao encerramento de 2024. A incerteza sobre o cenário fiscal doméstico e o ambiente externo desfavorável continuam influenciando a moeda brasileira.
Segundo Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital, o mercado está atento à possibilidade de novas medidas fiscais. “Se houver um plano concreto para reorganizar as contas públicas, o dólar poderá mostrar sinais de queda”, avaliou.
Fonte: InfoMoney