A blockchain nasceu com o Bitcoin (BTC), e continua sendo um dos pilares da primeira criptomoeda do mundo. Com o tempo, passou a ter mais autonomia para crescer sozinha, explorando outros mercados. Atualmente, a tecnologia torna possível não apenas as transações com moedas digitais, mas abriu caminho para outras aplicações, como a criação de contratos inteligentes.
Entenda agora o que é a blockchain, como ela funciona, quais são os tipos disponíveis no mercado, como a tecnologia surgiu e quais são suas aplicações. Acompanhe a leitura!
O que é a blockchain?
A blockchain funciona como um grande banco de dados compartilhado que registra as transações dos usuários. Enquanto a rede de Bitcoin, a primeira do mercado, guarda informações como a quantidade de criptomoedas transferidas entre os usuários, a identificação (endereço digital) de quem enviou e de quem recebeu os valores, e a data e hora das transações.
A principal diferença entre uma blockchain como a do BTC e os bancos de dados “tradicionais” é que ela não é controlada por autoridades, como bancos, governos, empresas ou grupos. O sistema foi construído de maneira que os participantes (chamados de nós) são os controladores e auditores de tudo – e tomam as decisões sobre a rede.
Existe uma cópia da blockchain nos computadores de todos os envolvidos, espalhados por todo o mundo. Portanto, cada membro, esteja no Brasil, nos Estados Unidos ou no Japão, vê a mesma informação quando acessa o sistema. Nenhuma alteração pode ser realizada sem a aprovação da coletividade.
Além disso, os dados são imutáveis – ou seja, se as transferências foram validadas e registradas, são eternas e não podem ser alteradas. Dessa forma, todo esse funcionamento é viável graças às regras e mecanismos de consenso.
Como funciona o blockchain?
Blockchain, em tradução livre, significa “corrente de blocos”. Hoje, existem diversos modelos no mercado, mas a primeira foi proposta junto com o Bitcoin, em 2008. Para imaginar como a rede descentralizada do BTC funciona, pense nela como um livro-razão virtual (ficha onde são registradas transferências) rodando em diversos computadores espalhados pelo mundo, todos trabalhando ao mesmo tempo.
Quando o usuário A envia um Bitcoin para o B,, essa transferência fica registrada na blockchain dentro de um bloco de informação. Esse bloco, assim que fica cheio de transações, é “selado”, ganha uma espécie de carimbo com data e hora, chamado de timestamp, e é “empacotado” com um identificador, chamado de hash.
Já a corrente é formada da seguinte forma: o usuário B, assim que recebeu o Bitcoin, passou metade do valor da criptomoeda para C, e essa transferência foi colocada em um novo bloco criado na sequência do anterior. Esse bloco também vai receber um identificador próprio, mas com um detalhe: ele tem um “pedaço” daquele que foi gerado anteriormente na transação entre A e B.
Portanto, na prática, todo novo bloco criado na blockchain guarda uma informação do anterior, formando uma longa cadeia. Para imaginar essa estrutura, pense em vários quadrados – preenchidos com data, hora, números e letras – conectados um ao outro por meio de correntes.
Em toda essa estrutura, ainda existem os mineradores, cuja função é validar as transações dos usuários. Para autenticá-las, eles precisam competir um com o outro para resolver problemas matemáticos complexos.
Após finalizarem o cálculo, eles apresentam o resultado para toda a rede, e se os outros membros disserem “ok, está correto”, o novo bloco é adicionado à cadeia, e então começa uma nova competição pela verificação do bloco seguinte, e assim por diante.
E, como pagamento pela prestação de serviços, os mineradores ganham Bitcoin como recompensa. Tudo isso é coordenado pelo algoritmo da plataforma. O trabalho de mineração, apesar de parecer tranquilo, é bem disputado.
Quais são os benefícios da tecnologia blockchain?
Conheça os principais benefícios da tecnologia blockchain:
- Ledger distribuído: o livro-razão, sistema de registro das transações e blocos, é compartilhado por toda a rede e todos podem ver;
- Privacidade: é possível garantir a visibilidade adequada para a rede, já que as transações conseguem ser verificáveis. O termo “adequado” é importante; no bitcoin, todas as informações da transação são públicas. No blockchain, partes sensíveis do ledger podem ser ocultadas (como o endereço de alguém), sem prejudicar a verificação do bloco;
- Contrato inteligente: um documento que não pode ser alterado depois de escrito. É possível firmar contratos e autorizar (ou não) transações de acordo com os termos estabelecidos;
- Consenso: as transações são verificadas pelos participantes da rede e não podem ser fraudadas;
Quais são os tipos de redes blockchain?
Existem centenas de tipos de blockchain, mas há dois grandes grupos básicos da tecnologia: as públicas e as privadas.
Nas blockchains públicas, qualquer pessoa pode entrar. Além disso, todos podem ver as movimentações, e não há uma entidade central, como empresa, banco ou governo controlando as informações e ditando as regras. As redes do Bitcoin e do Ethereum se enquadram nessa categoria.
Com o boom das criptomoedas, empresas e governos se interessaram pela tecnologia. Então, eles criaram as blockchains privadas, que têm uma entidade central controlando quem pode participar, bem como as informações e as regras.
Esse modelo faz mais sentido para aqueles que querem utilizar parte dos benefícios da tecnologia, mas precisam de privacidade. Empresas, como IBM e JBS, e entidades públicas, como a Receita Federal do Brasil e os governos do Ceará e do Paraná, utilizam o sistema em seus projetos.
Como minerar Bitcoin?
Nos primeiros anos do Bitcoin, bastava pegar um computador (com uma placa de vídeo razoável), conectá-lo à rede do BTC e deixá-lo ligado resolvendo os cálculos matemáticos para minerar a criptomoeda. Atualmente, “fabricar” Bitcoin por meio de um PC é praticamente impossível.
Isso se dá por conta da quantidade de participantes na rede, os cálculos ficaram mais difíceis, e a exigência de poder computacional necessário para resolvê-los aumentou drasticamente. Atualmente, é preciso dispor de hardwares específicos para a função, chamados de circuitos integrados de aplicação específica (ASIC).
Hoje em dia, o mais comum é que fazendas de mineração com milhares de equipamentos se dediquem à tarefa. E por essa atividade ser complexa e demandar alto investimento, esses locais costumam se organizar em pools (conjuntos) de mineradores que trabalham juntos para competir pela validação das transações.
Quando encontram os resultados dos blocos, eles dividem as recompensas. Hoje, o valor para cada bloco minerado é de 6,25 BTC, o que dá pouco mais de R$ 2,1 milhões, conforme a cotação da criptomoeda do dia 28 de outubro de 2021. Esse “prêmio” foi definido pelo protocolo do BTC, e ele é reduzido pela metade a cada 210 mil blocos minerados, em um evento chamado halving. Isso ocorre, em média, a cada quatro anos.
Na prática, esse corte na recompensa, que já aconteceu três vezes desde a criação do BTC, é feito para garantir que a criptomoeda seja emitida de forma estável. Lembrando que só 21 milhões de Bitcoins podem ser minerados. A estimativa é que o último BTC seja minerado só em 2140.
Como minerar criptomoedas?
Apesar de a mineração de Bitcoin ter se tornado algo praticamente inviável para se fazer em casa, é possível minerar outras criptomoedas com computadores comuns, desde que sejam relativamente potentes, segundo Denny Torres, um dos principais especialistas sobre mineração caseira do Brasil.
“Na prática, o procedimento para minerar criptomoedas é o seguinte: comprar um equipamento compatível com placa de vídeo potente de última geração; verificar qual é a moeda mais rentável em sites como o Whattomine; escolher um pool de mineração em sites como o Miningpoolstats; e, por fim, baixar um aplicativo de mineração da pool escolhida”, falou.
Quais são os principais componentes da tecnologia blockchain?
A arquitetura blockchain tem os seguintes componentes principais:
Um ledger distribuído
Um ledger distribuído é o banco de dados compartilhado na rede blockchain que armazena as transações, como um arquivo compartilhado que todos os membros da equipe podem editar. Suas tecnologias impõem regras rígidas sobre quem pode editar esses registros e de que maneiras.
Contratos inteligentes
As empresas usam contratos inteligentes para autogerenciar seus contratos comerciais, sem a necessidade de assistência de uma terceira parte. São programas armazenados no sistema de blockchain e executados automaticamente quando algumas condições predeterminadas são cumpridas.
Criptografia de chave pública
A criptografia de chave pública é um recurso de segurança para identificar de forma exclusiva os participantes em uma rede blockchain. Esse mecanismo gera dois conjuntos de chaves para os membros da rede. Uma chave é a chave pública, comum a todos os participantes da rede.
Quais são os protocolos da blockchain?
O termo protocolo da blockchain refere-se a diferentes tipos de plataformas de blockchain, que estão disponíveis para o desenvolvimento de aplicações. Confira os principais protocolos:
Hyperledger Fabric
O Hyperledger Fabric é um projeto de código aberto com um conjunto de ferramentas e bibliotecas. As empresas podem usá-lo para criar aplicações de blockchain privada de forma rápida e eficiente.
Ethereum
O Ethereum é uma plataforma de blockchain descentralizada de código aberto que pode ser usada para criar aplicações de blockchain pública. A Ethereum Enterprise foi criada para casos de uso comerciais.
Corda
A Corda é um projeto de blockchain de código aberto criado para empresas. Com a Corda, você pode criar redes blockchain interoperacionais que fazem transações com privacidade rigorosa. As empresas podem usar a tecnologia de contratos inteligentes da Corda para fazer transações diretas com valor.
Quorum
A Quorum é um protocolo de blockchain de código aberto, derivado da Ethereum. Foi criada especialmente para uso em uma rede blockchain privada, na qual somente um único membro tem propriedade de todos os nós, ou em uma rede blockchain consórcio, na qual cada membro da rede tem a propriedade de uma parte dela.
Perguntas frequentes
Como surgiu a blockchain?
A blockchain surgiu junto com o Bitcoin em 31 de outubro de 2008. Antes do Bitcoin, não há registros de casos de uso para a tecnologia. O BTC foi a primeira grande aplicação da blockchain. O primeiro bloco da cadeia foi minerado no dia 3 de janeiro de 2009.
Como funcionam as transações na blockchain?
O conceito de Blockchain está associado a um livro-razão, que registra as transações e o rastreamento de ativos em uma rede. É compartilhado e imutável, desta forma, facilita o processo de registro dessas transações.
Por que a tecnologia blockchain é importante?
A tecnologia blockchain é um mecanismo de banco de dados avançado que permite o compartilhamento transparente de informações na rede de uma empresa. Os dados são cronologicamente consistentes, pois não é possível excluir nem modificar a cadeia sem o consenso da rede. Logo, você pode usar a tecnologia blockchain para criar um ledger inalterável ou imutável para monitorar pedidos, pagamentos, contas e outras transações.
Qual a diferença entre bitcoin e blockchain?
A blockchain funciona como um grande banco de dados compartilhado que registra as transações dos usuários. Enquanto a rede de Bitcoin, a primeira do mercado, guarda informações como a quantidade de criptomoedas transferidas entre os usuários, a identificação (endereço digital) de quem enviou e de quem recebeu os valores, e a data e hora das transações.
Qual a diferença entre um banco de dados e uma blockchain?
Blockchain é um tipo especial de sistema de gerenciamento de banco de dados que tem mais recursos do que um banco de dados regular.
Conclusão
A tecnologia blockchain possui diversas vantagens, e uma das principais é a segurança de dados, já que existem regras muito restritas para a edição de qualquer informação, excluindo a possibilidade de fraude.